quarta-feira, outubro 30, 2019

Animação: Dripped (2009)

Dripped (2009)

Título: Dripped
Diretor: Léo Verrier
Gênero: Animação
Duração: 8 min
Cor: Colorido
País: França
Ano: 2009

Hey, você!

Sim, você mesmo, deste lado daí, lendo-me por meio deste blog. Há alguma coisa, alguma empolgação, algum sonho que lhe embriague, lhe embale e lhe faça ser de tal modo completo que você não se imagina sem isso? Bom, geralmente quem trabalha com arte sabe do que falo, mas muitos outros em muitas outras áreas também são tomados por esta paixão.

O personagem da animação Dripped, do realizador francês Léo Verrier, parece ser um homem tomado por esta paixão. Curiosamente, durante a criação da narrativa desta animação, Léo também sentiu-se tomado por um sentimento arrebatador.

— Bom, tive esta estranha ideia quando visitei uma pinacoteca, por volta da 1 da tarde. Eu estava super faminto e, vendo todas aquelas pinturas coloridas, pensei: E se eu tivesse o poder de comer obras-primas e sentir o seu “sabor artístico”? Bem, eu gostei dessa ideia e comecei a escrever a história de um homem que podia fazer isso.

    Bem antropofágico.

    E foi assim que, após um tempo, munido já de cenário, story-board e alguns exemplo de quadros que seriam utilizados durante a narrativa, Léo Verrier submeteu o projeto à Fondation Lagardère. E exultou, semana depois, em saber que este fora selecionado para ganhar uma verba e começar a trabalhar no projeto.

— Então, propus à Chez Eddy, a agência de produção parisiense com a qual estou acostumado a trabalhar, se eles queriam juntar-se a mim neste projeto. Desse modo, selecionado um talentoso time de animadores para começar a trabalharmos e, 8 meses depois, Dripped estava pronto.

    Dripped conta a história de um homem que vai a museus e interage com as pinturas: ele as come e nelas ele se transfigura. Uma homenagem ao pintor expressionista abstrato norte-americano Jackson Pollock, que, influenciado por Max Ernst, desenvolveu a técnica do “gotejamento” (dripping), que consistia em respingar tintas em suas imensas telas — posicionadas fora dos cavaletes, dispostas no chão, para o pintor pudesse se sentir dentro delas. As gotas escorriam e entrelaçavam-se, formando traços e tramas harmoniosos na superfície da tela.

    Incrivelmente, o acaso encarregou-se de unir o francês Léo e o norte-americano Pollock.

— Foi uma coincidência! — conta Léo Verrier. — Eu procurava por um final para Dripped. “Este personagem come pinturas, então, talvez, quando as pinturas se tornassem raras e todos os museus estivessem fechados, ele se tornaria um faminto solitário em sua casa, uma espécie de viciado... E se essa fome, esse ódio e essa solidão fossem o início de seu processo criativo? E se este homem virasse um grande pintor?”

— Gostei da ideia, e comecei a pensar em qual pintor seria o seu equivalente — e imediatamente pensei em Jackson Pollock. Amo o expressionismo e a vida que conseguimos depreender de suas pinturas — podemos realmente enxergar o pintor por trás dos quadros, respingando tintas nele. Então, comecei a pesquisar sobre Pollock e percebi o quanto ele era inspirado pelo Xamanismo — tudo a ver com o meu personagem que come quadros tal qual uma comida mística, introduzindo-se, desse modo, ao mundo da obra-prima.

    Ainda segundo Verrier, muito mais simples do que a história de Pollock, Dripped trata acerca de como os processos artísticos nascem e como nossa imaginação é alimentada por outros...

    Tenha uma ótima refeição!

Link: https://www.youtube.com/watch?v=bfYO0UYyHMc

Artigo por Madeleine Alves

Madeleine Alves
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